Meus objetos venceram. Tomaram conta de mim. Até então, eu os achava e os armazenava, parecendo uma formiguinha preocupada com o inverno, e, paralelo a tal gesto, continuava pintando telas, vendendo-as e imaginando-as penduradas sobre os sofá.
Isso passou a não mais me satisfazer.
As telas começaram a se tornar um campo restrito, por maior que fosse a dimensão delas e por mais tinta que eu depositasse nelas. Elas passaram a ser vistas por mim como algo decorativo, o que me incomodava.
Voltei, então, o meu olhar para os meus objetos guardados. Despejei-os no chão e vi um novo e amplo mundo: bicos que crianças perderam, bichos de pelúcia, bolas de isopor e de outros materiais, santos, rosários, cordas e tantos outros mais.
Quem sabe, pensei, eu possa dar outros significados para estas coisas. Tratar estes objetos com carinho, brincar com eles! E, nessa linha, seguir os passos de outros tantos grandes artistas, porque, como diz Vic Muniz, “a espinha dorsal da educação é o brincar”. Para mim, Iberê Camargo também brincava com seus carretéis; Helio Oiticica brincou com seus parangoles e com suas caixas descendo da parede e originando a arte efêmera.
Não tenho ideia de onde vou chegar com esta brincadeira, mas estou me divertindo com a infinidade de objetos disponíveis para este fim. Estou diante de uma total liberdade criativa que me permite dar uma nova história, um novo sentido aos mais diversos objetos que encontro pelo meu caminho.
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